Essa é uma generalização, então claro que podem haver casos particulares. Mas vamos lá entender essa teoria:
Jogadores não dão a mínima para o RPG?
Já perceberam que a grande maioria dos jogadores parece que não dá a mínima para a campanha? Eles esquecem dos NPCs, não se lembram do que aconteceu da última vez que jogaram, não se importam com a trama. A percepção final parece que todos os esforços do mestre estão sendo em vão.
Porém, por trás dessa camada de desentendimento e angústia coletiva, existe uma lógica que eu quero que você entenda e reflita sobre quando cair nessa situação.
Diferença de objetivos: Jogadores vs Mestre
No RPG, todos estão reunidos em para se divertir. Entretanto, as duas partes, mestre e jogadores, geralmente têm objetivos muito diferentes. O GM quer realização no seu passatempo, o jogador quer entretenimento e relaxamento.
É por isso que jogadores não pensam muito no jogo entre as sessões, afinal você estuda para um filme antes de se sentar para assisti-lo? Provavelmente não, a menos que você seja um grande cinéfilo. Enquanto isso, o mestre passa horas planejando, desenvolvendo histórias, NPCs, aprendendo o sistema, etc. É clara a diferença de interesses e quando isso não é levado em conta, podem surgir problemas e vocês nem saberem de onde veio.
A grande sacada é que isso é normal e está tudo bem, porém é importante ter a consciência disso para relevar algumas atitudes que parecem desleixo e para perceber aquelas que realmente estão afetando o desenrolar do jogo.
Vai aqui algumas dicas (afinal eu levo Dicas no nome) de como harmonizar as ideias quando essas diferenças apontarem demais.
Dicas para minimizar a diferença de objetivos entre mestre e jogadores
Bom, a primeira dica é a mais radical: Coloque o martelo do Ban para funcionar. Se estiver um ou mais jogadores muito desinteressados na campanha, mesmo todos se esforçando para coloca-los na aventura com mais imersão é melhor tirar logo da mesa e procurar por outro jogador. Simples e eficaz.
Segundo ponto: As pessoas são esquecidas. É raro os que anotam seus compromissos. Então não esqueça de mandar lembretes que vai ter jogo. Isso não é função só do mestre, mas de todos na mesa. Mande pelo menos duas mensagens no grupo lembrando da sessão e mestre, sugiro confirmar diretamente com cada um dos jogadores um dia que eles podem.
Essa vai doer: RPG foi feito para ser jogado toda semana! Eita, mas como assim? Se você for jogar só 3 ou 4 horas de RPG a cada 15 dias, pode esperar por problemas. Não tem muito o que fazer com esse pouco tempo. Se você só consegue jogar a cada 15 dias, faça sessões de 6 a 8 horas, ou jogue toda semana enquanto tiver rolando a campanha.
E a quarta dica: Faça com que todos se lembrem da campanha. Se ninguém falar sobre durante o período entre os jogos, possivelmente vai haver um esquecimento gradual dos eventos. Não deixem o grupo do RPG morrer. Poste memes fazendo referencia a cenas das sessões passadas, comente qualquer coisa sobre, compartilhe os posts do RPG Tips lá, sei lá. Não deixe seu jogo cair no esquecimento! Alimente o grupo com coisas.
Eae já tinha parado para pensar nesse ponto? Me conta ai o que pensa sobre isso.
Valeeu
Isso não é, em grande parte, algo que os rpgs modernos criaram? São os chamados “jogadores passivos”. A gente acaba tendo um belo problema nas mãos quando os jogadores nem entendem direito o que é que estão jogando. Eu mesma fui uma jogadora assim, não entendia nada do que estava acontecendo e só me interessava jogar dados na hora da briga.
Com o passar do tempo fui me interessando mais por rpg e sempre vou para a sessão munida de caderno para anotar as informações importantes.
Mas tenho a sensação de que sistemas modernos, como o próprio D&D 5e criam esses jogadores passivos, que sequer entendem direito as regras do jogo. Aqui em casa o foco (meu e do meu marido) tem sido gerar campanhas em que os jogadores, ao ouvir rumores, decidem onde querem ir e o que fazer. E o mestre só prepara o rumor escolhido para a própria sessão. De modo a ir criando um hexcrawl bacana, com o envolvimento de todos.
Porque, de fato, se temos uma distância tão grande entre os objetivos do mestre e os dos jogadores, é difícil fazer algo que de fato funcione, com todo mundo engajado.
E realmente: RPG tem que ser toda semana. Quando a gente pula uma semana já fica meio desencaixado. (E mesmo sendo toda semana eu mando mensagem pra lembrar o pessoal da próxima sessão… semana passada teve um que esqueceu hahahah)
Um artigo rico, que levanta vários pontos bons sobre gerenciamento de conflito. Parabéns!
Eu gosto do “martelo do Ban”, mas sempre converso sobre as regras antes da campanha começar. Uma vez que todos estamos de acordo, a coisa flui. Quem sai do ritmo, recebe strike 1, 2 e 3. O 4° strike já é o martelo.
Uma dica sobre o começo de cada sessão: fazer uma recapitulação. Pode ser feita pelo mestre ou jogadores. Melhor ainda se for um PdJ ou PdM interpretando. Na minha campanha de Deadlands, o personagem Abençoado (uma espécie de clérigo do cenário) era um seminarista. No início de cada sessão, ouvíamos o relato da sessão anterior através da oração ou confissão dele. Era divertido ouvir sobre a história sob o viés do personagem. Essa ideia eu peguei ouvindo o podcast do Happy Jacks, em uma gravação de uma campanha de Tales From The Loop. Experimentem!
Mano, lendo esse post percebi uma série de erros meus. Muito obrigado!
Aí sim, Caio, que bom que te ajudou. O primeiro comentário aqui do Blog foi seu! showw