Cenas que apresentam conflitos, ou seja, que colocam algo que impede o avanço do personagem em direção ao seu objetivo se tornam encontros no RPG.
Sem encontros fica inviável a história caminhar e o jogo se torna aos poucos chato e sem ritmo, isso porque o conflito que move a história, seja em filmes, livros, jogos eletrônicos e RPG de mesa.
Dentro das fontes de conflitos no jogo, a mais comum e utilizada são os combates. Porém, existem diversas outras formas de conflito em uma história.
Vale ressaltar que os conflitos não precisam ser resolvidos necessariamente no mesmo encontro, mas uma hora eles precisam ser resolvidos na aventura.
Nesse post irei conversar com você um pouco sobre as fontes de conflito em histórias e como elas podem ser aplicadas no seu RPG já na próxima sessão.
Ao dominar os tipos de conflitos, você se tornará um mestre muito mais consciente na hora de adicioná-los na sua mesa.
Ah, só lembrando que uma das coisas mais belas do RPG entram em cena normalmente quando conflitos aparecem: Os dados. Você não deveria estar rolando dados se não tem conflito na cena.
Confira na imagem abaixo os tipos de conflitos em uma história.
Agora que você conhece um pouco sobre os tipos de conflitos de uma história, já é possível perceber que os combates, que são os tipos mais comuns de conflitos no RPG, se encaixam somente em uma dentre as 6 categorias apresentadas, ou seja, tem muito mais coisa ainda para usar!
Combates são um tipo de conflito Personagem vs Personagem, que pode ser contra outro PdJ, um monstro ou um NPC, tudo está dentro dessa categoria.
Esse tipo de conflito é muito utilizado porque é o mais óbvio de todos, quase natural, é colocar o protagonista diante de um antagonista.
Porém, você pode tranquilamente usar outras formas de desafiar os personagens e ainda assim conseguir altos resultados de imersão.
Lembrando, personagens precisam superar desafios para atingir seus objetivos, é assim que se constrói uma história.
Nesse ponto, vamos expandir um pouco como você pode usar as outras fontes de conflitos dentro do seu RPG e com isso conseguir encontros ricos e únicos já na sua próxima mesa.
Sumário
A natureza do mundo
O conflito é a criação de tensão na história, essas que por sua vez precisam de um cenário para acontecerem.
O cenário é o pano de fundo e ao mesmo tempo o que fornece a matéria para a história ser construída, logo muitas fontes de conflito podem vir diretamente dele, mais especificamente da natureza do mundo.
Furacões, vulcões, terremotos, maremotos, deslizamentos, trovões, chuva, frio, calor, gelo, eita, tem muita coisa para ser usada como um conflito de natureza.
Esse tipo de encontro pode ser de longa extensão, como um furacão, ou algo local como uma inundação de uma sala.
A beleza de encontros contra a natureza é mostrar a força devastadora e o poder do mundo, colocando os personagens em apuros complicados de serem superados e por que não atrelar os eventos ao plot principal da sua campanha? Talvez a volta do semideus esteja causando esse caos ambiental.
Vale comentar que um encontro com um animal selvagem pode ser considerado tanto de natureza quanto de PvP, dependendo da abordagem que você der na narrativa.
Humanos e seus conflitos internos
Agora que você assimilou bem o conflito com a natureza (aliás, um dos meus preferidos), vamos falar do conflito personagem com ele mesmo, que é outro bom de mais de ser trabalhado.
Antes, deixa eu só expandir um pouco um conceito importante aqui: Personagens possuem conflitos internos e externos.
Todas as outras formas de conflito listadas aqui são externas, somente os internos que tratam do “eu” mais íntimo do personagem, lá onde estão seus medos, fraquezas, traumas, sonhos e desejos. São conflitos que vem da mente, corpo e emoções.
Já te adianto que pela exclusividade e impacto, os conflitos internos são os mais difíceis de serem trabalhados, mas não impossíveis, então você deve se empenhar em tentar colocá-los no seu jogo.
Nesse encontro, o personagem é o seu principal inimigo. Ele precisa vencer ele mesmo para superar o conflito,
Sempre que o personagem for desafiado a tomar alguma decisão que envolva suas convicções, crenças, medos ou sonhos, ele estará diante de um conflito contra ele mesmo, valorize esses momentos para abordar o lado psicológico do personagem, muito importante no seu desenvolvimento.
Sociedade é seu inimigo
Quando o personagem confronta não somente com um outro personagem, mas uma organização criada por ele, o conflito passa a ser contra a sociedade.
Entenda sociedade qualquer instituição que ofereça uma resistência aos objetivos do personagem, afinal essa é a definição de conflito que espero que você já tenha internalizado.
Normalmente conflitos morais próprios podem se expandir e se tornarem conflitos contra a sociedade, no momento que o personagem quebra regras dessa organização em função dos seus objetivos.
Por isso é tão importante entender e pensar a sociedade do seu cenário, pois baseada nas crenças desse povo que os conflitos de sociedade serão formados.
Você pode usar esse tipo de encontro de diversas formas, seja para isolar um personagem no mundo, mostrar o poder de uma organização ou mesmo deixar os jogadores (sim, nesse ponto a ideia é atingir as Emoções dos jogadores através da Imersão) com raiva do povo do seu mundo para incentivar as ações.
Há mais coisas entre o céu e a terra
Entenda os conflitos contra o sobrenatural levando em conta a definição literal da palavra “sobrenatural”: Que ultrapassa o natural, fora das leis naturais, fora do comum.
Logo, se você está jogando um RPG em um setting em tempos contemporâneos sem magia, o seu sobrenatural vai ser mesmo fantasmas, monstros, uns cthulhescos.
Agora se você está jogando uma fantasia medieval, por exemplo, que tem o próprio capeta em forma de personagem, você tem que pensar o sobrenatural em sua definição, algo que ultrapassa o natural do seu mundo.
Ao montar seu conflito sobrenatural, pense sempre se eles são personagens ou forças maiores, como o destino. Defina bem quais seus poderes e, o mais importante, quais regras do seu mundo ele quebra e quais forças governam essa entidade.
Dessa forma, você consegue colocar conflito sobrenatural em qualquer cenário de RPG.
Carência e tecnologia produzem solidão em grupo
Por fim, temos o conflito com algum tipo de tecnologia e, outra vez, o conceito de tecnologia vai variar muito dependendo do cenário do seu jogo.
Esse tipo de conflito você pode abordar desde algo mais Black Mirror até uma pegada mais Exterminador do Futuro.
O mais importante desse tipo de conflito é você colocar o dilema: O que significa ser humano e o que nos diferencia das máquinas?
Afinal, os personagens são humanos, mesmo que seu grupo seja formado por ratinhos com espadas e miniescudos. Eles são humanizados para se conectar com os jogadores.
Os filmes de ficção científica adoram abordar esse conflito e os jogos de RPG do gênero também, mas assim como os outros você pode aplicar em qualquer cenário, desde que coloque o ponto de vista da tecnologia dentro da realidade do seu mundo.
O conflito com a tecnologia normalmente se mistura um pouco com o conflito do personagem com ele mesmo, visto a análise de como a tecnologia afeta a vida dele ou personagem contra personagem, se você coloca um robô voando e atirando em geral.
Em cenas, o conflito com a tecnologia pode ser algo mais discreto, onde além de colocar o robozão soltando laser, você pode mostrar como a tecnologia dificulta o personagem a atingir seu objetivo, ao trancar uma porta com uma tranca eletrônica, por exemplo.
Conclusão sobre desafiar sem usar combates no RPG
O mais importante é você ter em mente que conflitos são essenciais na história e que você tem uma grande variedade para trabalhar nos seus jogos.
Claro que eles não são isolados e muitas vezes você vai encontrar mais de um tipo de conflito agindo na mesma cena, o que é bem normal e bem-vindo.
Espero que com esse post você esteja agora mais consciente sobre os tipos de conflitos de histórias que podem ser aplicados no RPG e com isso possa ter jogos cada vez melhores.
Obrigado por ler até aqui, não esqueça de salvar para consultar sempre que precisar.
Te vejo muito em breve.
Luiz.
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